05/11/2020 - Thais Paiva

O caminho de co-construção trilhado pelo Escolas2030 no Brasil

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Como o Escolas2030 vem se constituindo como um programa que quer disseminar o conhecimento já acumulado pelas organizações educativas brasileiras para o resto do país e do mundo

Construir o programa de baixo para cima, isto é, a partir do conhecimento e experiências já acumulados pelas organizações educativas brasileiras, dialogando e aprendendo junto a elas.

Este é um dos princípios que orientam o Escolas2030 e que fica evidente na sua escolha pela adoção da metodologia da pesquisa-ação: uma abordagem que compreende o ato de pesquisar como um processo realizado também por pessoas de fora das universidades, priorizando os saberes de quem vivencia a educação na prática.

Desde sua primeira ação no país, esta preocupação aparece como fio condutor do programa. A oficina de co-criação, ocorrida em outubro de 2019, reuniu uma diversidade de atores do campo educacional para refletir coletivamente sobre quais seriam os conjuntos de aprendizagem promovidos e investigados no âmbito da pesquisa-ação do programa e seus respectivos indicadores. A partir daí, a iniciativa foi ganhando contornos mais concretos.

“Entendemos que antes de envolver as 100 organizações, primeiramente tínhamos que ter uma definição do que iria ser avaliado. Como a orientação global era muito genérica, chamamos as escolas com as quais tínhamos uma longa relação e que, de alguma forma, contemplavam uma diversidade de territórios e de etapas para a partir daí construir com elas uma primeira proposta”, explica Helena Singer, coordenadora geral do Escolas2030 no Brasil.

Tal movimento deu origem ao grupo das organizações-polo: 14 instituições que irão co-liderar o processo de formação das demais organizações educativas de sua região de abrangência juntamente à Equipe Coordenadora.

Ampliando os debates

Ainda no escopo na pesquisa-ação, outro passo importante foi a criação de um Grupo de Trabalho (GT), formado por diferentes atores da educação sob a coordenação dos pesquisadores da Faculdade de Educação da USP. “Hoje, por meio do GT, estamos construindo o que chamamos de documentos de referência do programa. O objetivo é oferecer um material teórico que ajude a posicionar conceitualmente o Escolas2030 e subsidiar suas estratégias”, conta Natacha Costa, que representa o Movimento de Inovação na Educação no GT. 

Longe de propor modelos ou definições fechadas, Natacha explica que a proposta é que esses textos sejam vivos, passíveis de alterações pelas organizações participantes da iniciativa a partir de seus leituras críticas. “São pontos de partida para balizar a discussão. Mas a ideia central é que ele sejam construídos por esse coletivo de forma territorializada conforme formos aprendendo juntos no nosso itinerário de pesquisa-ação.”

Outra instância de participação criada foi o Comitê Consultivo, formado por especialistas de diferentes áreas do campo educacional, que se reúnem a cada bimestre para discutir e definir as estratégias mais pertinentes ao programa.

“Julgo muito importante a criação do Comitê, pois mostra o comprometimento com a transparência do projeto. Um programa desta magnitude – dez anos de duração e ocorrendo simultaneamente em dez países – não tem a menor condição de sucesso se for impositivo”, argumenta Anna Nascimento, que representa a Porticus no Comitê.

Espaços de troca

Mais recentemente, o desenvolvimento do itinerário formativo “Escolas2030: Caminhos para uma educação integral e transformadora”, que teve início no dia 05 de outubro e se estenderá até 03 de dezembro, tem sido colocado como outro espaço para a troca direta com os educadores e organizações envolvidos.

“Sinto que o programa no Brasil avançou muito porque, em parte, já havia sido feito um mapeamento aqui das organizações educativas inovadoras anteriormente [Mapa de Inovação e Criatividade do MEC (2015) e Movimento de Inovação na Educação (2018)], mas também porque cada país teve total liberdade para construí-lo como achasse melhor e já tínhamos um alinhamento conceitual entre os parceiros daqui”, diz Helena.

O reconhecimento ficou claro no convite, feito dia 6 de novembro, para a equipe do Brasil compor um grupo global de especialistas que irão definir as estratégias de avaliação do programa.

Para os próximos passos, a proposta é intensificar ainda mais a demanda por um educação inovadora e a disseminação do trabalho de quem já a torna realidade. “O fato de ser um programa global nos dá a oportunidade de mostrar o valor da educação transformadora que já acontece no Brasil e também de aprender com os outros. Esta troca será muito valiosa”, conclui Anna.

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