12/07/2022 - Thais Paiva

Professores brasileiros contam suas impressões sobre o Fórum Global Escolas2030, na Tanzânia

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Saiba mais sobre as duas experiências referências no Brasil que outros países do Sul Global também tiveram a chance de conhecer no Fórum.

Duas experiências educacionais transformadoras e referências no Brasil que outros países do Sul Global também tiveram a chance de conhecer graças ao Fórum Global Escolas2030. De Goiás (GO), a Escola Pluricultural Odé Kayodê, cuja pedagogia está baseada no afeto, na ludicidade e no pluralismo cultural. De São Gabriel da Cachoeira (AM), a Escola Baniwa Eeno Hiepole, que redesenhou todo seu currículo de forma a fortalecer os saberes da etnia indígena Baniwa. 

Ocorrido entre 21 e 23 de junho, em Dar Es Salaam, na Tanzânia, o evento jogou luz sobre estas e outras experiências internacionais e suas práticas inovadoras para uma plateia composta por educadores, representantes do governo, formuladores de políticas educacionais, pesquisadores, entre outros atores da educação de todas as partes do mundo. Durante os três dias, o Fórum discutiu o futuro da educação e o papel da escola e sistemas para uma aprendizagem de qualidade, que contribua para uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

“O Fórum Global Escolas2030 foi um momento fundamental de trocas entre diversas pessoas e instituições sobre o futuro da educação no mundo. Com cerca de 200 participantes de mais de 30 países, entre professores, coordenadores nacionais do programa, instituições da sociedade civil, fundações, representantes de governos e pesquisadores, as trocas foram muito ricas e ancoradas em experiências”, comenta Thais Mesquita, coordenadora do programa no Brasil.

Experiências brasileiras

Representando a Escola Pluricultural Odé Kayodê, a professora Adriana Rebouças participou da mesa “Como nutrir ambientes plurais de aprendizagem”, onde falou sobre a pedagogia da escola, que ela resume como a “pedagogia da festa”. “A nossa prática traz a ideia da escola como festa, onde todo mundo cabe na roda, um lugar de encontro, das crianças, das famílias, dos educadores, das instâncias políticas, de criar diálogos. Uma festa da promoção da aprendizagem, da vivência”, explica.

Dzoodzo, liderança Baniwa e professor da Escola Baniwa Eeno Hiepole, também esteve presente no Fórum e contribuiu, por sua vez, com uma mesa cujo tema era mudança climática e educação. “Como estamos em uma área remota da Amazônia,  não vemos uma forte presença do Estado e das políticas públicas, por isso, falei sobre a importância das nossas parcerias estratégicas como com o Instituto Socioambiental (ISA). É a partir dessa prática intersetorial que a gente consegue promover a sustentabilidade e o bem estar dos povo indígenas, principalmente por meio das questões relacionadas à educação”, explica.

Na mesa, o educador apontou como o sistema de conhecimento indígena traz um olhar integral, da educação holística, do manejo do território, da coletividade – características que promovem a preservação do meio ambiente. “O jeito que a gente cuida da floresta para mantê-la de pé mostra como ter uma relação harmoniosa e de respeito com a natureza. Aqui no Rio Negro, não fazemos desmatamento em grande escala, mas pequenos sistemas de agricultura que visam o desenvolvimento da economia regional”, explicou o líder Baniwa que também usou a oportunidade do Fórum para chamar atenção para o desmonte dos territórios indígenas pelo governo federal.

A professora Adriana, da Escola Pluricultural Odé Kayodê, e Dzoodzo, a Escola Baniwa Eeno Hiepole

Rede de transformação

O Fórum Escolas2030 foi o primeiro evento global presencial desde a criação do programa em 2019. Para ambos professores brasileiros, a viagem à Tanzânia foi não somente uma oportunidade de levar a voz das escolas que estão inovando no Brasil para outros territórios. Mas também uma ocasião para aprender e dialogar com experiências diversas de outras partes do Sul Global, que enfrentam desafios semelhantes e outros díspares.

“O que mais me tocou, de forma geral, foi que as inovações eram coisas simples, não exuberantes, e pensadas e feitas a partir dos diálogos e das discussões com a comunidade. Também ficou evidente o potencial dos professores de fazer essa transformação”, apontou Adriana.

Para a equipe do Escolas2030 do Brasil, fazer parte deste Fórum significou não apenas a possibilidade de aprendizado com grande diversidade de atores e experiências, como também a apresentação de contribuições valiosas para o debate, diz Thais Mesquista.

“Adriana e Dzoodzo puderam aportar com os olhares e práticas de suas equipes escolares, trazendo para a reflexão a importância de se trabalhar com perspectivas plurais e significativas. Mais do que inovações pontuais na educação, ambos destacaram como a escola precisa se reinventar em suas diversas dimensões, como gestão, metodologia, ambiente, entre outras, para trabalhar efetivamente aprendizagens fundamentais como empatia, colaboração e criatividade.”

Para assistir o resumo das conferências (em inglês) ocorridas ao longo dos três dias de evento, basta clicar aqui.

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