Entenda as mudanças e as ações previstas por meio das quais o processo investigativo do Escolas2030 irá se desenvolver ao longo do ano.
Quando pesquisa e ação caminham juntas, como é o caso da metodologia da pesquisa-ação, não é só normal como esperado que mudanças ocorram o tempo todo, exigindo o redesenho de diferentes esferas conforme o processo investigativo vai avançando. Portanto, não surpreende que após um ano de implementação do Escolas2030 isso também seja verdade para o programa.
Entre as alterações mais significativas, está a decisão por mudar o foco de análise das aprendizagens. No início, a ideia era trabalhar com grupos etários e rastreamento de indivíduos, considerando no primeiro ano do programa o foco em estudantes de 5, 10 e 15 anos, no segundo ano, 6, 11 e 16 anos e assim até alcançar 15, 20 e 25 anos em 2030. Ou seja, havia uma ideia de rastrear a aprendizagem dos mesmos indivíduos ao longo de uma década.
Com os avanços do desenho da pesquisa-ação, a questão foi reavaliada e foi proposto que cada país verificasse quais os anos de transição chave na aprendizagem dos estudantes, tendo como referência, 5, 10 e 15 anos. Uma vez escolhidos os anos-chave, os mesmos deverão ser foco do desenvolvimento e avaliação da aprendizagem até 2030. Dessa forma, o foco passa a ser em como as organizações educativas participantes avançam no desenvolvimento das aprendizagens nos mesmos anos-chave com diferentes estudantes.
A decisão de alterar o foco foi fundamental. O rastreamento de estudantes é desafiador considerando a grande mobilidade de estudantes por conta da fragmentação da Educação Básica no Brasil e também de deslocamentos internos das famílias. Outros países participantes enfrentam questões semelhantes. Além disso, demandaria um trabalho contínuo no sentido de mobilizar professores de todos os anos da escola, e de pensar ferramentas de avaliação específicas para cada um desses anos. Outro desafio era acompanhar jovens que já teriam concluído os anos de estudo na escola. Com o foco nos mesmos anos-chave, conseguimos ter um recorte mais claro do ponto de vista da pesquisa e em termos de implementação das ações, facilita a mobilização de professoras-pesquisadoras.
Coletivo-Pesquisador
No Brasil, o programa Escola2030 trará ainda outras novidades em 2021. Selecionadas e mobilizadas desde o ano passado, as 14 organizações-polo continuam em diálogo e liderando a proposta de co-criação dos procedimentos da pesquisa-ação nacional em articulação com a testagem, apropriação e contextualização das ferramentas produzidas pelo time global. Outras 36 organizações educativas foram convidadas em maio a compor o coletivo-pesquisador e farão parte do processo, sob a coordenação da Faculdade de Educação da USP. As trocas irão resultar em um Manual de Pesquisa-ação do Escolas2030, que será lançado no final do ano com o objetivo de fundamentar o desenvolvimento da pesquisa-ação em 2022 com as 100 participantes.
O trabalho também continua com o mapeamento e análise para se chegar às 100 organizações educativas que irão compor o coletivo-pesquisador do programa. A proposta no Brasil é partir de práticas inovadoras elencadas por cada organização educativa participante, considerando as dimensões de aprendizagem escolhidas como prioritárias, relacionada a cada uma das fases de transição.
Em linhas gerais, cada organização irá descrever, sistematizar e refletir sobre uma prática inovadora escolhida pelo período de um ano para a partir dela construir indicadores de aprendizagem.
Outros atores estratégicos
O ano de 2021 também será um momento-chave para a formalização da participação de secretarias de educação e articulação de universidades para constituir uma rede nacional de pesquisa-ação. Por meio da realização de fóruns públicos sobre temáticas que perpassam o Escolas2030, serão promovidas trocas de experiências e debates entre pessoas de organizações educativas, secretarias de educação, universidades, entre outros. A nova plataforma digital da Ashoka, Transformar em Rede, será a base para comunicação e trocas de equipes e organizações que fazem parte da comunidade Escolas2030.
As secretarias serão também mobilizadas para apoiarem as escolas de suas redes participantes do Coletivo-Pesquisador e, além disso, difundirem os princípios e práticas do programa em suas redes, propiciando condições para que mais escolas avancem no caminho da inovação, experimentando práticas e estratégias, assim como revendo o contexto, o objetivo e as ferramentas de avaliação da aprendizagem.
“O objetivo em 2021 é construir junto às secretarias um diagnóstico sobre seu potencial de inovação a partir do qual desenharemos jornadas individualizadas, mas com referenciais comuns, para que possam avançar no sentido da promoção da educação integral e transformadora em suas redes”, explica Thais Mesquita, coordenadora executiva do programa no Brasil.
No tocante às universidades, a proposta é fomentar o debate junto a pesquisadores sobre temas centrais do Escolas2030, assim como o desenvolvimento de ações interinstitucionais em torno do programa. Para tanto, no final de junho, ocorrerá o primeiro seminário em torno do programa, convidando pessoas de grupos de pesquisa que trabalhem com questões relacionadas à inovação na educação, entre outras pertinentes, assim como organizações educativas e secretarias de educação.