Texto aponta os caminhos e malhas que enredam aqueles e aquelas diretamente envolvidas na luta por justiça social por meio da educação integral e transformadora
O que as organizações educativas que integram o coletivo-pesquisador do programa Escolas2030 possuem em comum? Quais são os pontos de convergência apesar da multiplicidade de perspectivas educacionais presentes no grupo? O “Manifesto Escolas2030 – o que nos une?” responde estas questões.
O texto é fruto de um convite efetuado pela equipe coordenadora do programa, que identificou, em meados de 2021, a necessidade de ampliar o engajamento e pactuar os sentidos, princípios e práticas que unem pessoas e instituições tão diversas em uma iniciativa comum.
A partir da própria perspectiva das organizações integrantes, o Manifesto aponta os caminhos que enredam aqueles e aquelas diretamente envolvidas com a educação integral e transformadora.
Uma das premissas, por exemplo, reitera a necessidade de compreender a inovação para além da implementação das tecnologias digitais. Na perspectiva do programa, esta está atrelada à ressignificação do próprio processo educacional, que deve ser revisto à luz das necessidades e anseios dos estudantes e suas comunidades.
Abaixo, destacamos os principais pontos que aproximam as organizações educativas que compõem o Escolas2030 no Brasil. Confira:
O coletivo-pesquisador do Escolas2030 entende a educação integral…
- não somente como política de ampliação de tempos e espaços educativos, mas como estratégia de pensar em novas experiências de aprendizagem;
- como algo que ocorre em todos os ambientes nos quais as pessoas se relacionam e se desenvolvem;
- como uma educação voltada à formação do ser humano autônomo, emancipado, capaz de se apropriar das variadas experiências culturais, sendo autor de sua individualidade e sujeito da coletividade.
O coletivo-pesquisador do Escolas2030 entende que educação transformadora…
- é aquela por meio da qual todos e todas podem ser agentes de transformação positiva da sociedade;
- constrói saberes por meio da relação com a comunidade na qual está inserida. Busca, portanto, conexões com um amplo repertório de saberes relativos a situações e desafios concretos de estudantes e suas realidades;
- humaniza, libertando os sujeitos na medida em que lutam contra os processos de opressão;
- constrói saberes sem distanciar o educador do educando, considerando que ambos aprendem juntos;
- evidencia a transitoriedade do conhecimento. Consequentemente, requer a formação de professoras(es) de forma contínua e reflexiva.
Enfoque nas avaliações
O Manifesto Escolas2030 – o que nos une denota ainda a intenção do programa de, por meio de suas ações, mudar o enfoque em matéria de qualidade educacional. Isto porque o atual entendimento sobre o tema ainda é fortemente condicionado pelas políticas nacionais e internacionais de avaliação externa de larga escala.
Segundo a visão do coletivo-pesquisador do Escolas2030, estas avaliações desconsideram um conjunto importante de dimensões relacionadas à formação de um sujeito integral e transformador.
“Embora relevantes, tais iniciativas colaboram com uma prática reducionista, distante da multiplicidade de experiências educacionais e limitada ao que é exigido em suas provas. É hora de expandir as fronteiras, afinal, há qualidades para além do IDEB-Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e PISA-Programa Internacional de Avaliação de Estudantes”, defende o texto.
Nesta perspectiva, o enfoque do programa em 2022 será justamente sobre como aprimorar esses sistemas, revisando suas atuais bases e propondo novas aprendizagens para renovar a visão de qualidade educacional. Ou nas palavras dos pesquisadores “agir em comunhão no sentido de (re)inventar um novo modo de educar, de fazer políticas e pesquisas educacionais no país”.