Pesquisa-Ação

Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso que recusa o imobilismo. A escola em que se pensa, em que se atua, em que se cria, (…) a escola que apaixonadamente diz sim à vida (Paulo Freire).

O programa Escolas2030, no Brasil, pretende transformar os indicadores educacionais nacionais, ao evidenciar dimensões de aprendizagem priorizadas em organizações educativas que procuram garantir as condições para uma educação integral e transformadora para todos e todas. Para isso, reúne organizações que criam novas formas de realizar a educação. Pesquisadoras e pesquisadores dessas organizações e da Faculdade de Educação da USP integram um coletivo, que busca e promove desvios positivos (“aquilo que funciona”) a partir das práticas educacionais já em andamento nas organizações participantes.

Quando a pesquisa é concebida como uma atividade de construção de novo conhecimento, muitas vezes fica associada exclusivamente à universidade. No entanto, pesquisar é um processo mais amplo, realizado também por pessoas de fora da universidade, e que deve priorizar desafios práticos da vida comum, conhecendo mais sobre o mundo, sobre os outros ou sobre nós.

No universo das metodologias de pesquisa colaborativas, o programa optou por se apropriar da pesquisa-ação, que pode ser utilizada de diferentes maneiras, com intenções diversas. A premissa básica é a de que a pesquisa e a ação devem caminhar juntas. Além disso, trata-se de procedimento de pesquisa que é, ao mesmo tempo, um processo de aprendizagem e um processo de ação política. Em outras palavras, pesquisa-ação é “agir conhecendo e conhecer agindo”.

Partir desse pressuposto nos compromete a desenvolver uma investigação baseada na relação entre sujeitos distintos, como universidades, movimentos e organizações educacionais. Este compromisso nos exige formas de pensar que sejam pontos de partida para auxiliar a formulação de um processo investigativo solidário, plural, criativo e aberto ao diálogo entre aqueles diferentes sujeitos, cujo principal objetivo é transformá-los.

Embora seu reconhecimento mais amplo remonte aos anos 1940, a pesquisa-ação adquiriu contornos estáveis no Brasil a partir dos anos 1970, após disseminação e consolidação dos trabalhos do educador Paulo Freire. O Escolas2030 contribuirá com o fortalecimento dessa perspectiva. Em suma, pretende-se disseminar a perspectiva da educação integral e transformadora por meio de uma pesquisa-ação, que se realizará em amplo e contínuo debate entre pesquisadores da Faculdade de Educação da USP e pesquisadores situados em organizações educativas inovadoras.

Para integrar o coletivo Escolas2030 no Brasil, a organização educativa situa-se no campo da inovação educacional, conforme os critérios de inovação definidos pelo Ministério da Educação (MEC), em 2015, no âmbito da iniciativa do Mapa da Inovação e Criatividade na Educação Básica e, posteriormente, incorporados pelo Movimento de Inovação na Educação (MIE). 

Dimensões de uma organização educativa inovadora:
Gestão: deve visar à corresponsabilização na construção e gestão do seu projeto político-pedagógico.
Currículo: deve estar orientado no sentido do desenvolvimento integral do sujeito e pressupor processos participativos de produção de conhecimento e cultura, a partir das identidades do território e interesses dos estudantes.
Ambiente: deve favorecer as trocas, criando um espaço de acolhimento, solidariedade, criatividade e diversidade.
Metodologia: deve possibilitar o protagonismo e autonomia do estudante na produção de seu conhecimento, evolvendo processos personalizados de ensino-aprendizagem que reconheçam as singularidades, ritmos e interesses dos estudantes.
Intersetorialidade: a inovação deve ser fruto de um trabalho articulado de atores sociais e institucionais visando à constituição de uma rede de direito.

A pesquisa-ação se ocupa de dois objetivos complementares. O primeiro consiste em avaliar a relação dos critérios do MIE com o que cada organização educativa está desenvolvendo. Este procedimento reflexivo ajudará as organizações a se entenderem melhor como integrantes e produtores desse movimento.

O segundo objetivo é produzir conhecimentos sobre os efeitos concretos das organizações participantes nas trajetórias de aprendizagem. Como indicação inicial, sugerimos acompanhar essas trajetórias e situá-las nas seguintes dimensões de aprendizagem, amplamente valorizadas por organizações educativas que procuram garantir uma educação integral e transformadora para todos e todas: colaboração, empatia, criatividade, protagonismo e autoconhecimento.

Na seção abaixo, consulte e faça o download gratuito de publicações, artigos acadêmicos, apresentações e outros conteúdos que serviram de referencial teórico para o desenvolvimento de nossa metodologia de pesquisa-ação.

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